segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Philippe Perrenoud

Toda vez que eu tomava conhecimento de algum autor e o professor falava em Perrenoud, me dava dor de cabeça.
Eu  o achava tão complexo, não conseguia me concentrar em seus artigos.
Hoje, li novamente um capítulo de seu livro e me caiu como uma luva na minha santa cabecinha...rs
Segue abaixo, alguns tópicos importantes sobre seu texto, o qual cai em todo concurso.

O Trabalho em equipe pedagógica: Resistências e Mecanismos. 

Os estabelecimentos de ensino não são fábricas. Porém, podemos sustentar que essas equipes não passam de artefatos administrativos que mais desistimulam do que estimulam a colaboração e que suscitam diversas estratégias de fuga, como sempre acontece cada vez que uma organização impõe uma cooperação contra a vontade dos assalariados.

O absurdo é que uma administração institua formalmente o trabalho em equipe sem ser capaz de direcionar atitudes e comportamentos.
Tal ficção de trabalho em comum pode basear-se em textos impostos a todos os estabelecimentos de ensino. Pode nascer de uma decisão mais local do diretor da escola. Nos dois casos, fala-se de equipe sem a preocupação de saber o que os interessados pensam a respeito disso.

Para esquematizar, Perrenoud distingue três situações-tipo, segundo a natureza das pressões:
A equipe imposta. supõe-se que os professores trabalhem juntos, mas a equipe só existe no papel.
A equipe autorizada/estimulada- Os professores não são obrigados a trabalhar juntos, porém são convidados e estimulados a fazê-lo.
A equipe proibida/desistimulada- Não se espera que os professores trabalhem equipe, se realmente estiverem interessados irão deparar-se com milhares de complicações administrativas na etapa de atribuição de cargos, horários, de carga de ensino, de lugares de reunião e serão desestimulados abertamente pela direção ou pelo restante do corpo docente.


Com relação as coordenação das práticas, alguns podem encarnar com mais prazer a ortodoxia doutrinal, o projeto, a instituição interna, a memória coletiva, a fidelidade às decisões tomadas, enquanto outros assumirão o papel de individualistas, rompendo com o grupo que ajudaram construir ou o qual se uniram de bom grado...os paradoxos da ação coletiva.

O trabalho em equipe pedagógica transforma-se em uma necessidade, e é integrado a uma noção mais abrangente, a de cultura de cooperação, que não se resume à colaboração com colegas próximos, mas envolve também a gestão participativa, a autoridade negociada, e a auto-avaliação dos estabelecimentos de ensino.

Uma equipe eficaz depende de um contrato livremente negociado entre os membros e não é mais uma conquista individual de uma parcela de professores. É a dimensão essencial de uma nova cultura profissional, uma cultura de cooperação.
Se aderirem a uma cultura de cooperação, reforçarão sua autonomia estatutária e as tendências à profissionalização. Se defenderem o seu direito ao individualismo acima de tudo, estarão dando munição aqueles que trabalham por uma racionalização burocrática do ensino. Por isso, é importante compreender melhor as resistências das pessoas no trabalho em equipe.

A cooperação é uma luta: contra si mesmo, contra suas próprias ambivalências; contra os outros quando desestimulam ou alimentam as tendências centífugas; contra o sistema educativo o estabelecimento de ensino quando demonstram pouca compreensão.

Certamente, os que optaram pelo trabalho em equipe trilharam um longo caminho rumo a outra concepção da profissão, porém sempre foram divididos entre uma ideologia favorável à cooperação e habitus individualista.

Ensinar é uma profissão difícil, na qual nada é estável: cada nova turma é uma incógnita, cada aluno em dificuldade é um enigma, cada ano letivo é uma aventura que só se revela às vésperas das férias de verão.

Uma boa jornada é aquela que termina com a sensação de não ter pedido tempo, nem cometido erros ou injustiças demais, uma jornada feliz, serena, ou pelo menos não muito pesada, tediosa ou agitada. O balanço exprime o equilíbrio entre todos os momentos bem-sucedidos, nos quais se tem a impressão de dominar a situação, de ter prazer em ser útil, amado, apreciado, eficaz, e todos os momentos contrários. O trabalho em equipe pode ameaçar, criar um ambiente agradável, fazer sonhar, estar no centro dos acontecimentos, controlar a conversa, brincar são prazeres difíceis de compartilhar e de reconstruir.

A competência para cooperar, que supõe a competência para comunicar, também é construída em função da experiência e de uma prática refletida; porém, sem cultura psicossociológica, a reflexão pode levar, por exemplo, à rejeição da responsabilidade por eventuais disfunções dos parceiros, recusando-se a "fazer parte do problema". Uma formação que desenvolva o pensamento complexo e sistêmico não protege dessa tentação todos os dias, mas pode tornar as pessoas mais lúcidas!


Adriane Lima
www.educacaocaminhando.blogspot.com

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